quinta-feira, 21 de novembro de 2013
quarta-feira, 6 de novembro de 2013
O dia em que nos deparamos com nossas possibilidades

quarta-feira, 2 de outubro de 2013
Trocar a solidão pelo silêncio

Não haviam pessoas conhecidas por perto e eu estava realmente sem compania. Mas, a despeito disso, não me senti só. O que ocorria era uma espécie de silêncio. E esse silêncio dizia respeito a uma atitude psicológica: uma espécie de atenção não concentrada em carências ou no próprio elemento da solidão, mas sim na imensa carga de aprendizado que aquelas experiências traziam, ou mesmo, a atenção que exigiam.
Quando se faz montanhismo ou travessias a solidão não é, no fundo, solidão. Ela é silêncio, mas esse silêncio significa, sobretudo, uma abertura ao que se situa ao redor.
É exatamente esse o "ingênuo" aprendizado que tive há pouco. Estou só, incrivelmente só. Mas a solidão é o sentimento no qual tagarelamos sobre nossa própria solidão, assumimos nossa carência, demandamos que outro supra esse vazio. Já o silêncio demanda, com ou sem outros por perto, algum aprendizado. De algum modo, estar em silêncio não é a mesma coisa que estar só. Um pouco como mostram alguns poemas, bastante bem-humorados, de Paulo Leminski:
amar: armas debaixo do altarpara frei betto e frei leonardo boff
santa é a gente
quando lá fora faz frio
e aqui dentro está quente
-- entre! Digo eu,
hora de ser igual,
hora de ser diferente,
entre você e entre
ainda ontem
convidei um amigo
para ficar em silêncio
comigo
ele veio
meio a esmo
praticamente não disse nada
e ficou por isso mesmo
segunda-feira, 26 de agosto de 2013
Take the sky as an example
Take the sky as an example,
Practice without any sense of limit or position.
Take the sun and moon as examples,
Practice without any sense of clarity or distortion.
Take this mountain as an example,
Practice without any sense of movement or change.
Take the great ocean as an example,
Practice without any sense of depth or surface.
To bring out mind,
Practice without any doubt or hesitation.
-Milarepa-
segunda-feira, 19 de agosto de 2013
Thoreau's Journal: 19-Aug-1851
How vain it is to sit down to write when you have not stood up to live! Methinks that the moment my legs begin to move, my thoughts begin to flow, as if I had given vent to the stream at the lower end and consequently new fountains flowed into it at the upper. A thousand rills which have their rise in the sources of thought burst forth and fertilize my brain. You need to increase the draught below, as the owners of meadows on Concord River say of the Billerica Dam. Only while we are in action is the circulation perfect. The writing which consists with habitual sitting is mechanical, wooden, dull to read.Read more...
sábado, 25 de maio de 2013
Então vale a pena pensar?
Quadro: Vittore Carpaccio: A visão de Santo Agostinho (início do séc. XVI)
Certa vez um monge trapista me deu um livro de Santo Agostinho para ler. Não recordo se a edição era argentina ou espanhola, do mesmo modo que o título. Talvez era a Cidade de Deus, mas poderia ser qualquer outra. O que se pode dizer com certeza é que era uma edição linda, cuidadosamente feita. Um pouco como a atmosfera daquele monastério.
É curioso, pois ao sair do mosteiro, somos novamente bombardeados pelos eventos da chamada "vida ordinária". O ritmo "aqui fora" é bem diferente de "lá dentro". De forma que, de algum modo, recordo-me da atmosfera do mosteiro, mas pouco lembro do livro que trouxe para "fora" (depois devolvido, após alguns contatos do próprio monge para reobter seu prezado livro).
Anos depois, em outra ocasião encontrei um estudioso de Santo Agostinho. Ele reclamava que, mesmo formado em filosofia e tendo belas pesquisas, não recebia a valorização que lhe convém. Ele é um pesquisador brasileiro. Em grandes países, pesquisadores são bem recompensados, não importando se suas pesquisas são as ditas "puras" (ou também "humanas", ou "artísticas" etc.) ou "aplicadas". Pesquisas aplicadas possuem "uso" imediato, mas e o que dizer das pesquisas teóricas? Que o respondam a Coréia do Sul e a Finlândia, países com alguns dos melhores índices de educação do mundo.
O "fato" é que talvez as duas situações acima (do mosteiro e da queixa do estudioso) coincidam num ponto: a reclamação do estudioso e minha pouca atenção para com o livro dizem respeito a certo ritmo, certo modo de vida no qual não colocamos em primeiro lugar aquilo mesmo que, se nos dedicássemos a dizer quais seriam as coisas mais importantes da vida, figuraria nos primeiros lugares. Uma certa dispersão da atenção, algum esquecimento da memória, certos mecanismos psíquicos curiosamente nos projetam "para fora", não de um mosteiro eventual, mas para fora de nossos corpos e - por assim dizer - existências.
A cidade é suja e não obstante habitam nela milhões de pessoas. Entrando no metrô lá estão, aos milhares, imóveis, olhando simplesmente para nada ou para algum smartphone eventual. Seria de se perguntar: onde estão todos aqueles processos psíquicos, aquelas visadas, aquelas existências, visto que por boa parte do tempo quase literalmente não estão ali?
Um conhecido disse há algum tempo: suas leituras mais importantes eram feitas no vaso sanitário, naquele momento preciso em que a "cabeça" é devolvida a si mesma. O resto do tempo se perdia em operações para fins exteriores, lá fora.
Thoreau dizia que a vida é curta, e nesse sentido seria preciso uma verdadeira "economia". Não aquela do dinheiro e do desperdício do tempo, mas uma economia na qual reconquistamos aquilo mesmo que nos seria mais "próximo". Por exemplo as ocupações massificantes: se podem ser feitas por qualquer um, não colocariam a pergunta sobre o que alguém pode fazer não igual aos demais, mas por si próprio? Pensar, por exemplo.
segunda-feira, 6 de maio de 2013
sábado, 6 de abril de 2013
dia e noite
O dia vira noite?
Só vendo
Tudo que sabemos.
- Paulo Leminski, 40 Clicks em Curitiba -