segunda-feira, 18 de maio de 2009

Hamesha



The Walk, originally uploaded by From Afghanistan With Loveّ.
He walked with a staff and a rosary in his hands, and an impeccably clean turban on his head. He timed the turning of the rosary beads to coincide with his steps. He took firm, determined steps and knew where he was headed to. In the vast deserts of Samangan, at mid-day heat, he was a sight to behold.
(Samangan, Northern Afghanistan -Summer 2008 )
Uma pequena dose do que se encontra no blog, e no flickr desse sujeito.

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quinta-feira, 7 de maio de 2009

Os usos da solidão

http://farm2.static.flickr.com/1372/1370766850_d6b6f1acd5_o.jpg


texto de Wilson Bueno


Em esclarecedor livro de entrevistas com o Dalai Lama, um sábio em toda extensão da palavra, o escritor francês Jean-Claude Carrière pergunta, entre outras, o que ele acha da solidão. E o líder espiritual do Tibet, no exílio, apesar de solteiro por imposição religiosa, e também por imposição religiosa com larga experiência monástica, obrigado a grandes períodos de isolamento, sorri e conclui, com cortante lucidez: "É uma arrogância sentir solidão num mundo de 6 bilhões de habitantes..."

Nós, os precários mortais, sabemos, contudo, que não é bem assim. O Dalai está sendo treinado desde a infância, através complexos exercícios búdicos, não só a acolher a solidão, como a entender uma série de outros venenos que tornam o homem moderno este fantasma em busca de porto e lenitivo. Nem sempre facilmente encontráveis, convenhamos.

Ele mesmo, o iluminado "papa" dos budistas, revela em outro trecho do livro, que suas conquistas espirituais só foram alcançadas "após treino, vigilância e implacáveis esforços". Não seríamos nós que, muita vez, atrapalhados e confusos, sequer suportamos a perda de nossos gatos e cachorros, que vamos, de uma hora para outra, posar de olímpicos campeões mentais a vencer nossos desassossegos.

A solidão, por exemplo, virou uma praga moderna. Dia desses, um amigo, pai de cinco filhos, casado há quinze anos, a casa invariavelmente cheia, me confessava, numa melancolia de causar dó, que não suportava mais a "solidão em família"... Indiquei-lhe de pronto o psicanalista João Perci Schiavon, como costumo fazer, com freqüência, nesses casos.

Entendi, solidário a ele, que das solidões esta possivelmente seja a pior delas. Foi, um tempo, minha pena e meu martírio. Embora a casa materna, os pais, o irmão e a primarada, álacres e constantes, ardia na febre de um desamparo irremediável. Nesse tempo, nem dois tonéis de vodca aplacavam o sentimento odioso.

Quantos amigos, cercados de afetos e ruídos, lançaram-se à corda ou ao gás como último alívio? Não faz uma semana, um antigo vizinho, da casa da esquina, deixou esposa, filhos, netos e noras depois de intenso período depressivo. Preferiu o silêncio eterno, que até passarinho evita, a continuar morrendo em vida.

Curiosamente, embora reclamão e insatisfeito sempre, não posso dizer, sem mentir, que me sinto sozinho. Quando alguma coisa doida dentro mexe e a noite se enche do uivo dos cães do subúrbio, embora o ruidoso escândalo, ponho Janis Joplin, em bom volume. E rouca a voz acorda os anjos do céu em Cry, Baby. Ou o enormíssimo cronópio Armstrong em What a Wonderful World. O mundo de novo, vos garanto, se enche de graça. Quem for de experimentar, que experimente.
 ***
Isso lembra um velho poema de Paulo Leminski (outro escritor curitibano):
Arte do chá
ainda ontem
convidei um amigo
para ficar em silêncio
comigo

ele veio
meio a esmo
praticamente não disse nada
e ficou por isso mesmo

 ***
 É curioso como às vezes podemos nos sentir sozinhos no meio de todos, ou acompanhados no meio de tudo.

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terça-feira, 5 de maio de 2009

Tem os sábios a necessidade de Viajar?

 
 
Tem os intelectuais a necessidade de viajar? Laozi dizia que “sem sair do umbral de casa, bem se pode conhecer os sucessos do mundo”. Sendo assim, que necessidade temos de viajar? Não tem os intelectuais necessidade de fazer viagens? Quando uma criança nasce, seus pais disparam seis flechas (uma para o céu, uma para a terra e quatro para os pontos cardeais), para abrir-lhe todos os caminhos do mundo; então, como abster-se de viajar?

Confúcio era um homem de grande inteligência. No entanto, foi para a corte de Zhou para conhecer as regras e os ritos; viajou ao estado de Qi para conhecer a musica “shao”, legado dos tempos antigos; esteve no Estado de Wei, e dali regressou para o Estado de Lu. Com todo o material que reuniu, se pôs a reconstruir esta música classificando suas diversas melodias em “ya” e “song”, segundo suas carcaterísticas. Antes de sua viagem a corte da dinastia Zhou e dos estados de Qi e de Wei, Confúcio não tinha uma idéia cabal das regras dos ritos e etiquetas, nem havia escutado a música “shao”, nem havia reconstruído as melodias ya e song. Se foi assim com um homem de tao grande inteligência, que dizer dos homens de inteligencia inferior?

A idéia de que os intelectuais podem permanecer sem fazer viagens significa que podem conhecer os sucessos do mundo sem sair do umbral de sua casa. Esta é a opinião de Laozi. A tese de Laozi colocava ênfase em cultivar o espírito e a moral pessoal deixando de lado os assuntos do Estado. Considerava que todo o Mundo estava dentro da mente do homem, e por isso sustentava que bastava buscar a verdade na mente sem a necessidade de sair para o mundo exterior.

Outros homens santos mantinham opiniões diferentes, porém. Se for certo que eles nasciam sabendo, ainda assim só possuíam os dotes e propensões que a natureza lhes deu, e por isso mesmo acreditavam que precisavam realizar um grande esforço para aperfeiçoá-las e desenvolvê-las. As montanhas, os rios, os costumes dos diferentes lugares, os sentimentos do povo, as vicissitudes do mundo, os ensinamentos dos antigos e os exemplos de conduta não podem ser conhecidos com amplitude senão por meio de viagens por aí a fora. Não se pode conhecer esta realidade sem sair de casa, mesmo que se seja um homem de grande inteligência. Por isso, se não tivermos o desejo insaciável de ver e ouvir, seremos objeto de gozação por nossa superficialidade.

Se não é suficiente ter amizade em um só canto, precisamos fazê-lo em nosso país, ou mesmo em diferentes partes do mundo; e mesmo não sendo suficiente fazer amizade com pessoas de outras partes do mundo, precisamos ainda fazê-las com os antigos. Foi justamente por isso que o grande poeta Tao Yuanming quis viajar pela bacia do rio amarelo, buscando vestígios deixados pelos homens santos antigos das épocas passadas. (Esta seria a única maneira de melhor escrever sobre eles...)

(Wu Cheng, 1249-1333) Tradução de André Bueno. Imagem acima da trilha do Monte Huashan, na China

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